terça-feira, 12 de junho de 2012

Sustentabilidade - A Solução Começa no Projeto


A edição 129 da Revista Construção Mercado, da Editora Pini, traz um especial sobre Sustentabilidade. Os repórteres Luis Ricardo Bérgamo e Ana Paula Rocha, mostraram como lançar empreendimentos habitacionais mais sustentáveis têm sido um desafio e tanto para as construtoras e incorporadoras, visto que o cenário dos últimos anos apresentou uma série de complicadores: falta de operários qualificados, custos em alta, atrasos nas entregas de materiais e escassez de máquinas e equipamentos. Em empreendimentos onde há desperdício, retrabalhos e projetos pouco detalhados, o primeiro passo para ser mais sustentável é colocar ordem na casa, antes de partir para um salto tecnológico.

Prever, desde o projeto, habitações mais sustentáveis, é a prática mais viável para se obter resultados. Nessa fase é possível, por exemplo, interferir com mais eficácia na vida útil da edificação, especificando detalhes construtivos, escolhendo adequadamente produtos e materiais e obedecendo às normas técnicas pertinentes. Essa concepção da edificação deve estar compromissada com os valores do cliente, do usuário e da comunidade socioambiental onde está inserida. É uma busca que precisa acompanhar, acima de tudo, o ciclo de vida do empreendimento. Ou seja, as fases de loteamento, incorporação, projeto, construção, venda das unidades, ocupação e uso do imóvel, manutenção das unidades e, por fim, destinação final de seus componentes.De acordo com dados da Proactive Consultoria, em geral, observa-se um investimento adicional em todo o empreendimento da ordem de 1,5% a 3% para residenciais e de 5% a 7% para empreendimentos comerciais com medidas sustentáveis. Esse investimento pode ter um retorno a médio e longo prazos, em função de comunicação, presença em mídia espontânea, valorização da marca da empresa no mercado, entre outros itens. “Os custos de operação, por sua vez, podem sem reduzidos em até 40%, com redução do consumo de energia e água. A redução poderia ser mais significativa se houvesse um incentivo por parte do setor público, em diminuir as taxas cobradas dos empreendimentos que apresentam soluções sustentáveis”

Norteadores para projetos mais sustentáveis

- Redução do consumo de água potável 
Através da instalação de sistemas economizadores (bacia de duplo fluxo, torneiras de fechamento automático mecânico e sistema antivandalismo nos lavatórios das áreas comuns e lavabos, torneiras de 1/4 de volta nos banheiros das suítes e cozinhas, restritores de vazão, evitando os desperdícios pelo controle do fluxo, e o emprego de torneiras com arejadores que proporcionam a redução do consumo, sem diminuir o conforto do usuário pela mistura água/ar); reaproveitamento das águas cinzas oriundas dos lavatórios, boxes e máquinas de lavar roupa, que serão utilizadas nas bacias sanitárias (após serem previamente tratadas para este uso); e aproveitamento das águas pluviais para usos que não exijam potabilidade (irrigação de jardins e lavagem de pisos).
  
- Redução do consumo de energia 
Sistema de aquecimento de água por meio de energia térmica solar, com a utilização de coletores certificados pelo Inmetro. Sensores de presença, a fim de otimizar a iluminação dos halls dos pavimentos, escadas protegidas enclausuradas e garagens (marcação das rotas de tráfego de pessoas e rotas de fuga). Luminárias led (mais econômicas e duráveis) e fotovoltaicas (alimentadas pela energia solar), utilizadas para iluminação de emergência, contribuem na economia de energia do edifício.
  
- Especificação de materiais 
Materiais que causam menos impactos ao meio ambiente, como tintas e solventes à base de água ou que façam parte do programa Coatings Care, a fim de minimizar a emissão de poluentes e garantir a saúde dos usuários, e a escolha dos produtos e processos construtivos baseada na funcionalidade, na adaptabilidade e na durabilidade do edifício, bem como na qualidade dos produtos e na localização da sua produção, minimizando impactos com o transporte e otimizando os prazos de construção.
  
- Acessibilidade – desenho universal 
Os empreendimentos devem permitir total acessibilidade a Portadores de Necessidades Especiais (PNE), atendendo os requisitos da ABNT NBR 9050 e demais normas aplicáveis, garantir o acesso e a utilização de ambientes e equipamentos com igualdade, autonomia e segurança por todos os usuários a partir do tratamento adequado dos elementos arquitetônicos externos (calçadas, travessias e guias rebaixadas, estacionamentos, vegetação, sinalização tátil e mobiliário urbano) e internos (acessos e circulações, tipos de pisos, portas, rampas, escadas, guardacorpos, elevadores, banheiros, mobiliário, áreas de esporte e lazer etc.). Além disso, sistemas de comunicação e sinalização acessíveis e facilmente perceptíveis.

- Coleta seletiva de lixo e revalorização de resíduos 
Privilegiar materiais que favorecem a revalorização de resíduos, instalar unidades coletoras de descartes recicláveis em todos os andares das torres e uma central para a separação de detritos recicláveis do empreendimento. Na fase de uso e operação, podem ser efetivados ainda acordos com cooperativas de reciclagem da cidade, para o envio dos materiais coletados, caso não haja oferta desses serviços.

- Racionalização da construção 
A modulação do edifício deve ser considerada pela equipe de arquitetura desde o início do projeto, devido às suas implicações formais, estruturais e econômicas. A coordenação modular permite a concepção do edifício como um sistema, onde todos os componentes relacionam-se entre si. A racionalização da construção proporciona uma obra mais rápida e limpa, além de ocasionar menos perdas de material no canteiro. Os projetos devem ser adequadamente detalhados e devem ser realizadas paginações de alvenarias, revestimentos, forros, divisórias etc. As medidas horizontais e verticais devem ser definidas a fim de reduzir as intervenções na etapa de execução.

Fonte: Ana Rocha Melhado, sócia-diretora da Proactive


Fonte: Melz Assessoria de Imprensa - OSA

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